PMs são presos acusados de tortura contra soldado em curso de formação no DF

Foto: Reprodução

Nesta segunda-feira (29/4), o Ministério Público do Distrito Federal (MPDFT) cumpriu 14 mandados de prisão temporária contra policiais militares acusados de agredir e torturar um colega de farda durante o curso de formação do Patrulhamento Tático Móvel do Batalhão de Choque (BPChoque) da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF).

A prisão dos policiais ocorreu após denúncia por meio da 3ª Promotoria de Justiça Militar e a Corregedoria da Polícia Militar do Distrito Federal. A Justiça determinou ainda o afastamento do comandante do BPChoque até que sejam encerradas as apurações do caso.

Conforme a denúncia, o soldado Danilo Martins, de 34 anos, foi torturado por oito horas para que desistisse do curso. O caso aconteceu no dia 22 desse mês de abril. Além de agressões físicas, ele sofreu uma severa insolação após ser obrigado a ficar horas no sol.

Ainda segundo a denúncia, o soldado foi agredido com um pedaço de madeira nas pernas e nos glúteos, foi chutado enquanto fazia flexões no asfalto e na brita, foi obrigada o beber café com sal e pimenta, foi obrigado a entoar dizeres humilhantes à própria honra, além de ter gás lacrimogêneo e gás de pimenta jogados nos olhos. Na denúncia, consta ainda que a vítima foi o único aluno a sofrer agressões e humilhações durante aquele dia de curso.

O soldado ainda acrescentou que, pela manhã, recebeu do tenente responsável pelo curso de formação uma ficha de desistência já preenchida e, ao longo de todo dia, ele foi coagido a assinar o documento. Como se recusou a assinar, foi torturado. O superior teria dito que o soldado “não formaria no curso e que ele não mediria esforços para fazer com que ele desistisse, nem que fosse na base da ‘trairagem’. Após sofrer as agressões, o soldado acabou cedendo.

Os policiais que tiveram prisão temporária decretada foram: Marco Aurélio Teixeira Feitosa; Gabriel Saraiva Dos Santos; Daniel Barboza Sinesio; Wagner Santos Silvares; Fábio De Oliveira Flor; Elder de Oliveira Arruda; Eduardo Luiz Ribeiro Da Silva; Rafael Pereira Miranda; Bruno Almeida da Silva; Danilo Ferreira Lopes; Rodrigo Assunção Dias; Matheus Barros Dos Santos Souza; Diekson Coelho Peres e Reniery Santa Rosa Ulbrich.

A vítima ficou internada no hospital por seis dias e foi diagnosticada com insuficiência renal, rabdomiólise – ruptura do músculo esquelético, ruptura no menisco, hérnia de disco e lesões lombar e cerebral.

O que diz a PMDF

A PMDF informou, por meio de nota, que durante as atividades do curso de Patrulhamento Tático Móvel, no dia 22 de abril, um aluno solicitou desligamento após passar pela etapa inicial da formação e exercícios físicos previstos.

“Apesar de sair do batalhão alegando que estava bem, o referido aluno procurou atendimento hospitalar apresentando quadro compatível com rabdomiólise e alegando ter sido agredido.”

A Corregedoria da PMDF já instaurou Inquérito Policial Militar para apurar o caso, que já está sendo acompanhado pelo Ministério Público. “O coordenador do curso solicitou o seu desligamento voluntário para que as apurações transcorram da forma mais transparente possível. Continuamos à disposição para esclarecimentos posteriores”, completa a nota.

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